Ao todo, tinha estudado alemão por cerca de dez meses, os últimos seis antes da vinda fiz um curso intensivo. Por esse motivo, fiquei triste ao não conseguir entender o que os alemães diziam, embora quem está aqui há mais tempo garanta que é assim mesmo: "você tem de treinar o ouvido", afirmam. A adaptação ao idioma prossegue, com paciência vou aprendendo, mas a adaptação cultural tirei de letra.
Antes da viagem, li muito sobre a Alemanha, fato que me ajudou com a adaptação à cultura local. Foi a primeira vez que deixei o Brasil (já estive em Cidade de Leste, mas não conta) e, nesse caso, é inevitável o chamado "choque cultural". As diferenças são tantas que geram um misto de espanto e deslumbramento, algo possível de superar em uma semana. Depois de um tempo, aquelas coisas que antes eram tão diferentes começam a parecer normais. Um exemplo disse é a comida: "você se acostuma", me disseram.
Prefiro escrever um artigo só para o "comis e bebis" (desculpem-me o jargão) alemão. Também não vou perder tempo falando que o povo alemão é "frio", simpático bem aquém de nós brasileiros, porque isso todo mundo já sabe. Nos últimos dias, tenho tentado encontrar algo de (bem) negativo na Alemanha para contar a vocês, porém me vem à cabeça a realidade brasileira e tudo aqui volta a ser "perfeito".
Um dia desses ouvi perguntarem a uma colega estagiária aqui da Deutsche Welle, chamada Cristiane Vieira, o que ela mais gosta na Alemanha. "Segurança", respondeu sem titubear a mineira de Belo Horizonte. Faço minha as palavras dela. Embora eu venha de uma cidade pequena, onde a criminalidade ainda não está entre os maiores problemas, conheço a lamentável realidade dos grandes centros urbanos brasileiros. Sentir-se seguro, sem o risco de assalto, não tem preço. Apenas para exemplificar, Bonn (mais de 300 mil habitantes) é mais segura que Itapejara D'Oeste (10 mil habitantes) – de fé!
Outubro de 2006 foi o mês mais interessante de minha vida, foram 31 dias de grande aprendizado, de descobertas, de crescimento intelectual e cultural. Passar um tempo no exterior proporciona a isso a qualquer um, sou apenas mais um dentre tantos que já tiveram tal oportunidade. Por isso digo que vale a pena passar por isso enquanto se é jovem. Se você é filho de rotariano ou tem outros meios de conseguir um intercâmbio ou bolsa de estudos no exterior, aproveite. Fico feliz em poder compartilhar essa minha experiência com os leitores do Blog do LF e do Jornal de Beltrão.