terça-feira, 31 de outubro de 2006

Segurança na Alemanha: não tem preço

No último sábado (28.10.06) completou um mês desde minha vinda à Alemanha. Lembro-me com detalhes da despedida no aeroporto em Curitiba, da chegada no gigantesco aeroporto de Frankfurt, do trem bala que peguei para vir até Bonn. Quando se fala inglês, não há como se perder tanto no aeroporto como nas estações ferroviárias.

Ao todo, tinha estudado alemão por cerca de dez meses, os últimos seis antes da vinda fiz um curso intensivo. Por esse motivo, fiquei triste ao não conseguir entender o que os alemães diziam, embora quem está aqui há mais tempo garanta que é assim mesmo: "você tem de treinar o ouvido", afirmam. A adaptação ao idioma prossegue, com paciência vou aprendendo, mas a adaptação cultural tirei de letra.

Antes da viagem, li muito sobre a Alemanha, fato que me ajudou com a adaptação à cultura local. Foi a primeira vez que deixei o Brasil (já estive em Cidade de Leste, mas não conta) e, nesse caso, é inevitável o chamado "choque cultural". As diferenças são tantas que geram um misto de espanto e deslumbramento, algo possível de superar em uma semana. Depois de um tempo, aquelas coisas que antes eram tão diferentes começam a parecer normais. Um exemplo disse é a comida: "você se acostuma", me disseram.

Prefiro escrever um artigo só para o "comis e bebis" (desculpem-me o jargão) alemão. Também não vou perder tempo falando que o povo alemão é "frio", simpático bem aquém de nós brasileiros, porque isso todo mundo já sabe. Nos últimos dias, tenho tentado encontrar algo de (bem) negativo na Alemanha para contar a vocês, porém me vem à cabeça a realidade brasileira e tudo aqui volta a ser "perfeito".

Um dia desses ouvi perguntarem a uma colega estagiária aqui da Deutsche Welle, chamada Cristiane Vieira, o que ela mais gosta na Alemanha. "Segurança", respondeu sem titubear a mineira de Belo Horizonte. Faço minha as palavras dela. Embora eu venha de uma cidade pequena, onde a criminalidade ainda não está entre os maiores problemas, conheço a lamentável realidade dos grandes centros urbanos brasileiros. Sentir-se seguro, sem o risco de assalto, não tem preço. Apenas para exemplificar, Bonn (mais de 300 mil habitantes) é mais segura que Itapejara D'Oeste (10 mil habitantes) – de fé!

Outubro de 2006 foi o mês mais interessante de minha vida, foram 31 dias de grande aprendizado, de descobertas, de crescimento intelectual e cultural. Passar um tempo no exterior proporciona a isso a qualquer um, sou apenas mais um dentre tantos que já tiveram tal oportunidade. Por isso digo que vale a pena passar por isso enquanto se é jovem. Se você é filho de rotariano ou tem outros meios de conseguir um intercâmbio ou bolsa de estudos no exterior, aproveite. Fico feliz em poder compartilhar essa minha experiência com os leitores do Blog do LF e do Jornal de Beltrão.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O Mundo é pequeno demais!

Já contei a vocês que a Deutsche Welle é uma empresa que produz conteúdo jornalístico da Alemanha para o mundo, com sede em Bonn e com o setor televisivo em Berlim. Só não contei que na hora do almoço, todos os brasileiros que trabalham aqui se reúnem para comer juntos.

Num desses almoços, na minha primeira semana no país, os colegas brasileiros quiseram saber de onde eu era, o que fazia no Brasil, aquele "questionário" básico. Quando falei que vinha de Pato Branco, uma senhora chamada Rosa Helena Ziskoven disse: "eu conheço Pato Branco". "Como o mundo é pequeno", pensei.

Rosa mora há 34 anos na Alemanha e nos últimos 15 anos esteve trabalhando na Deutsche Welle. Ela se enquadra naquele grupo de pessoas que deixou o Brasil para nunca mais voltar – senão para rever parentes. E justamente por esse motivo, para visitar um primo, que em 1992 ela esteve em Pato Branco, Sudoeste do Paraná, cidade com cerca de 70 mil habitantes.

Para concluir, Rosa é prima do médico Antônio Maciel Freire, urologista da Policlínica Pato Branco, que merece sinceros parabéns pelo profissionalismo com o qual aquele hospital é conduzido. Antônio Freire também é presidente da Academia de Letras e Artes de Pato Branco, a qual meu amigo e ex-colega de jornalismo, Rubens Camargo, também é membro. Logo, o mundo é pequeno demais.

Rosa, prima do médico pato-branquense Antônio Maciel Freire, em sua mesa na Deutsche Welle

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Hipermercado e pagamento com cartão de crédito

No sábado passado (21.10.06) fui ao Toom Markt, um hipermercado que aceita cartão de crédito, a pouco mais de 500 metros da pensão onde estou morando. Coisa difícil de encontrar na Alemanha: mercado que trabalhe com cartão de crédito e, ainda por cima, grande.

Qual cartão é mais aceito, X ou Y (não vou fazer propaganda)? Na Alemanha o mais aceito é o cartão de débito dos bancos locais. Quem não tem um precisa pagar em dinheiro "vivo" e em quase todos os mercados é assim. Para que eu possa receber o salário deste mês, tive de abrir uma conta corrente no Sparkasse Bank (que significa Caixa Econômica). O cartão desse banco é mais aceito que os cartões das operadoras X e Y, para desespero do cliente estrangeiro.

Com exceção desse Toom Markt, que em tamanho lembra os hipermercados da rede BIG aí do Brasil, todos os demais mercados que encontrei são pequenos. A título de comparação, bem menores que o Ítalo de Francisco Beltrão e o Patão de Pato Branco. Eu, particularmente, prefiro os estabelecimentos que ofereçam boa variedade e preço bom. Os alemães, não consigo entender o motivo, preferem esses mercados pequenos e com pouca oferta de produtos.
Um típico mercadinho alemão, daqueles que não aceitam cartão de crédito

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Uma prosa sobre a cidade natal de Beethoven

Bonn está entre as cidades mais antigas da Alemanha. Foi fundada pelos romanos em 11 a.C, mas grande parte do mundo ouviu falar dela, pela primeira vez, em 10 de maio de 1949. A partir dessa data Bonn passara a ser a capital da República Federal da Alemanha, título perdido no início da década de 90, com a reunificação do país. Hoje a cidade mantêm alguns ministérios e é sede de grandes coorporações, como a Deutsche Post (correio alemã), porém o mais importante: continua sendo (e sempre será) a cidade natal de Ludwig van Beethoven.

Exato! O ultra famoso compositor nasceu aqui em dezembro de 1770. Foi batizado no dia 17 e, por pressuposto, nascido no dia anterior. Viveu até seus 22 anos em uma casa erguida em estilo barroco, que hoje abriga o Beethovenhaus – um museu com acervo relacionado à obra do compositor. Estive lá pela primeira vez em 1º de outrobro, dia de eleições aí no Brasil, e espero retornar para fazer uma visita mais prolongada.

É impossível não lembrar que Beethoven nasceu aqui, já que muita coisa carrega o nome do compositor, como: cartões postais, eventos culturais, estações de metrô e ônibus, ruas... Andando pela cidade, acabei encontrando um lugar chamado Beethovenhalle Bonn, um anfiteatro (não sei se municipal) com bela praça ao redor. O mais legal daquele lugar é tirar foto junto ao "busto" de Beethoven, o que fiz depois de ver uma dúzia de japeneses fazendo. A obra do escultor Klaus Kammerichs, de 1986, foi baseada no mais conhecido retrato do famoso músico, pintado em 1819 por Karl Josef Stieler.


Quem vem visitar Colônia deve separar pelo menos um dia para conhecer a cidade de Beethoven. E se puder tirar uma foto ao lado da escultura do compositor, melhor ainda. No meu caso, o timer da máquina digital ajudou.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Blog do LF divulgado pela Embaixada da Alemanha

Este mesmo blog, que a cada dia novos nobres leitores passam a acompanhar, está sendo divulgado pela Embaixada da Alemanha em Brasília. A Newsletter (nº 35) da embaixada reporta, entre outros assuntos, meu estágio na redação on-line de língua portuguesa da Deutsche Welle e apresenta link para o Blog do LF.

Quem quiser conferir o que foi publicado pode fazê-lo acessando o link ao final da matéria. Também é possível acessar os sites da Deutsche Welle e da Embaixada da Alemanha em Brasília em box no lado direito deste blog. Vale um agradecimento à jornalista Cecilia Rezende, do Departamento de Imprensa da Embaixada da Alemanha em Brasília e ao cônsul Michael Moscovici, do Consulado-Geral da Alemanha em São Paulo.

Alguns dos textos divulgados no Blog do LF já estão sendo publicados pelo Jornal de Beltrão, nas quartas-feiras. Trabalhei no JdeB como repórter por pouco mais de um ano e meio – na sucursal de Dois Vizinhos – e guardo as melhores recordações possíveis do pessoal do jornal.

Foto do lugar onde estou morando, tirada da sacada do meu quarto.

Nota sobre o Blog do LF na Newsletter da Embaixada

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Na Alemanha taxista ama Mercedes

A confissão que vou fazer pode parecer coisa de pobre, mas como também não sou rico não tem problema: "a primeira vez que andei em um Mercedes foi aqui na Alemanha". Tinha acabado de chegar de Siegburg, onde desembarquei do trem bala, a uma estação de metrô em Bonn chamada Konrad Adenauer, que leva o nome do primeiro chanceler alemão após a Segunda Guerra Mundial. Precisava de um táxi e andei por quase 500 metros, com duas malas de quase 32 kg cada, até encontrar um. Mercedes, é claro.

Após a última Copa do Mundo, o apresentador Amaury Jr. lançou um livro com dicas sobre a Alemanha. Em seus escritos consta que todos os táxis no país são Mercedes, o que não trata-se de uma verdade em absoluto. A minha conta não é exata, mas dos primeiros cem táxis que vi circulando aqui em Bonn, apenas cinco não eram Mercedes. Logo, 95% são Mercedes, uma curiosidade para a qual ainda não obtive explicação contundente.

Os táxis têm uma tonalidade bege e todos operam com taxímetro. É normal que se cobre uma taxa por corrida, principalmente nos horários de bandeira "1". A verdade é que muita gente aqui passa meses sem precisar de um, porque o transporte coletivo é eficiente, pontual, limpo e dificilmente lotado.


Um taxista, com seu Mercedes, sendo multado por policiais alemães. Aqui deu bobeira é multa!

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

O Estado mais populoso da Alemanha

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Achei interessante situar você leitor sobre o lugar de onde escrevo. Bonn (312 mil habitantes) fica ao Sul do Estado mais populoso da Alemanha, a 'Renânia do Norte - Vestfália' (Nordrhein - Westfalen), com pouco mais de 18 milhões de habitantes e área de 34.083,52 km². A capital é Düsseldorf (580 mil habitantes), mas a maior cidade é Colônia (Köln - quase um milhão de habitantes).


A Renânia do Norte - Vestfália consiste em cinco regiões administrativas, divididas em 31 distritos (grupos de pequenos municípios) e 23 cidades independentes, geralmente com mais de cem mil habitantes, que não pertencem a nenhum distrito. O sistema de governo alemão é parlamentarista, logo, cada um dos 16 Estados (Bundesländer) tem seu ministro-presidente, que equivale ao cargo de governador no Brasil.

O Estado faz fronteira com Holanda e Bélgica, a Oeste. Além de Düsseldorf, Colônia e Bonn, outras cidades importantes da Renânia do Norte - Vestfália são Dortmund, Essen, Duisburg e Aachen. No mapa, você encontra Bonn ao sul da área em roxo, na região Oeste. Frankfurt, onde desembarquei, fica no Estado de Hessen.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Um passeio à beira do Reno

Quase todos os dias da semana eu cruzo a Kennedy Brücke (principal ponte da cidade), sobre o Reno, para ir ao trabalho, de segunda a sexta, ou mesmo para passear no centro de Bonn, nos finais de semana. No último domingo (8 de outubro) resolvi imitar um dos passatempos favoritos dos alemães: caminhar pela margem do rio Reno (foto). Da ponte até a Deutsche Welle são cerca de três quilômetros, que compensam pela paisagem e pela tranqülidade.

O rio Reno é o maior da Alemanha, navegável em grande parte de seus com 1.320 km. Nasce nos Alpes suíços e atravessa Áustria, Liechtenstein, França e Holanda, além do país em que estou morando, antes de desaguar no Mar do Norte. Grandes cidades estão situadas no Vale do Reno, entre elas Bonn, Colônia e Düsseldorf, as três localizadas na Renânia do Norte, o Estado mais populoso da Alemanha.

Aqui de Bonn é possível pegar uma embarcação de passageiros rumo a cidades próximas. Comenta-se que o passeio é fascinante, mas é preciso pegar um bom dia de sol, já que costuma ventar bastante no rio. No dia em que a foto foi tirada, foi registrada temperatura mínima de 5ºC e máxima de 12ºC. Estou aproveitando os últimos dias de clima agradável em Bonn, antes do frio chegar pra valer.

sábado, 7 de outubro de 2006

Bonn: a ex-capital da Alemanha Ocidental



















Eu tinha apenas oito anos, morava em Pato Branco (PR), quando aqui na Alemanha, em 1989, movimentos populares pró-reunificação puseram abaixo o Muro de Berlim, símbolo máximo da Guerra Fria – guerra não declarada entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética. Um ano depois, deixavam de existir a República Federal da Alemanha, capitalista, e a República Democrática Alemã, socialista (e ironicamente nada democrática).

O país era um só novamente, agora sob o nome República Federal da Alemanha (Bundesrepublik Deutschland), tendo Berlim como capital. Bonn, ex-capital do lado capitalista, tinha tudo para tornar-se uma cidade "morta", acreditavam muitos alemães. Porém, altos investimentos do governo federal tentam recompensar a perda de prestígio. Hoje Bonn é cidade-sede da ONU (Organização das Nações Unidas), da Deutsche Post (o correio alemão) e ainda mantêm alguns ministérios.

Desde de 28 de setembro estou morando em Bonn e, em todo canto, vejo gente de várias partes do mundo. Por exemplo, moro numa pensão que um dia foi convento e hoje é gerenciada por uma família do Afeganistão. Lá vivem pessoas de no mínimo dez nacionalidades distintas, isso por baixo. A cidade deixou de ser capital, mas manteve o "ar" internacional, cosmopolita. Tudo é muito organizado, limpo e bonito por aqui, creio ser assim no restante da Alemanha. Pretendo escrever ainda muito mais sobre Bonn, já que vou residir aqui no mínimo até 10 de fevereiro do ano que vem. Pretendo ficar por mais tempo.


O prédio da Deutsche Welle em primeiro plano e, ao fundo, a imponente sede da Deutsche Post. O edifício é lindo especialmente à noite, mas os alemães reclamam que a iluminação dele incomoda.