quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Foto do mês (novembro)

Exatamente nesta quarta-feira (29.11.2006), o Blog do LF completa dois meses na ativa, com sucessivas matérias reportando curiosidades sobre a Alemanha. Veja o exemplo da foto do mês de novembro: um modesto carro alemão estacionado sobre a calçada. Algo absolutamente permitido na Alemanha, mas que no Brasil valeria alguns pontos na carteira do motorista e guincho para o veículo. São inúmeras as diferenças entre os dois países também no trânsito, assunto que espero abordar em dezembro.

Encerro o mês hoje, de trabalho na Deutsche Welle e de blog. Parto para buscar minha esposa (Eliane) no aeroporto de Frankfurt, nesta quinta-feira. Retorno ao trabalho na segunda-feira, certamente com novas notícias para os prezados leitores.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Garota de Ipanema nas ruas de Bonn

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Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe,
A beleza que não é só minha,
Que também passa sozinha.


Sim, sentia-me tão sozinho nos primeiros dias de Alemanha. Sem minha esposa, sem familiares, sem amigos, contemplava a beleza da arquitetura alemã no centro de Bonn, no meu primeiro final de semana no país. Estava contente pela realização de um sonho, porém entristecido pela distância daqueles que tanto quero bem.

Porém, num piscar de olhos me senti tão perto do Brasil. Escutara exatamente esse mesmo trecho de "Garota de Ipanema" – música de Tom Jobim mundialmente famosa –, muito bem tocado, em violão, por um músico de rua. A partir daquele momento, comecei a prestar mais atenção na atuação dos inúmeros músicos que tocam nas ruas da cidade para complementar a renda mensal.

A cada novo passeio, novos músicos, vindos principalmente da Rússia e dos países do Leste Europeu para tentar melhor sorte na rica Alemanha. Natural da Polônia, um deles tocava Vivaldi com sua gaita (sanfona) em frente a uma estátua de Beethoven, filho mais ilustre de Bonn. Uma "heresia", perdoada pela primazia com a qual ele tocava as "Quatro Estações".

A proximidade do inverno espantou os músicos das ruas, para meu lamento e para o deles também. Não são poucas as pessoas que contribuem com moedinhas, alguns ainda compram os CDs desses músicos profissionais – correto, porque vivem daquele ofício. O outono alemão corresponde ao inverno no Sul do Brasil, por esse motivo as ruas ficam cada vez mais vazias.

Não gostei de saber que o Estado da Renânia do Norte-Vestfália proíbe por lei qualquer tipo de instrumento musical nas ruas, embora dê autonomia de decisão às cidades. Assim sendo, a Prefeitura de Bonn optou por permitir, cobrando de cada músico uma taxa de 10 euros por uma autorização de dois dias. São apenas três exigências: mudar de ponto a cada 30 minutos, não utilizar amplificadores e tocar somente das 6 às 22 horas.

Legenda: músico polonês e sua gaita. Muito Vivaldi na terra de Beethoven
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sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Dinheiro bem investido faz a diferença

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O que faz o dinheiro quando bem investido, não? Digo isso porque ainda não me cansei de elogiar a infraestura e a organização da Alemanha. O país é dono da terceira economia mais rica do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Japão, e isso se reflete no dia-a-dia das cidades alemãs.

Para tentar explicar as diferenças entre Brasil e Alemanha, quando o assunto é transporte coletivo, é interessante fazer um paralelo entre duas localidades. Vou tomar a cidade onde moro como exemplo. Bonn tem pouco mais que 300 mil habitantes, o que equivale à população de Ponta Grossa, que convenhamos: é considerada uma boa cidade para viver.

Bonn possui metrô – com linhas interligando a ex-capital da Alemanha às cidades próximas, como Colônia –, bondes modernos (que dividem as ruas com os carros) e linhas de ônibus para todos os cantos da cidade. Tudo interligado e eficiente, com raros atrasos. Para completar, a cidade conta com uma estação ferroviária (trens de passageiros) e divide um aeroporto internacional com Colônia.

Talvez seja injusto comparar Ponta Grossa a uma ex-capital, então que a comparação seja feita com Brasília. Estive lá uma vez e posso garantir, fica muito aquém de Bonn no transporte público. Tenho certeza que se o dinheiro de nossos impostos fosse bem investido, ou melhor, se todo ele fosse investido – temos de levar em conta a corrupção – o Brasil seria mais rico, organizado e o povo viveria melhor. Saber que Maluf e Collor foram eleitos para deputado federal e senador, respectivamente, faze-me perder a fé.

Legenda: estação central (Hauptbahnhof) de Bonn. Linhas de metrô até para as cidades próximas
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"Paguei mico" em supermercado alemão

Quando ainda estava no Brasil eu gostava de imaginar como seria a vida na Alemanha. Uma coisa é ler a respeito de outro país, assistir a um documentário ou mesmo ouvir de quem já passou por tal experiência; outra é ver com seus próprios olhos. Entre tantas coisas, ficava pensando como seria um supermercado na Alemanha.

Fui pela primeira vez a um supermercado alemão com um colega de trabalho, também jornalista, que mora em Bonn há mais de um ano. Cheguei à conclusão que com quatro dicas básicas é possível não cometer gafes nos mercados daqui, assunto que rendeu uma matéria no site da Deutsche Welle (clique aqui).

E uma dessas dicas é sobre as garrafas retornáveis. Na Alemanha as garrafas plásticas e as latinhas também têm retorno, ou seja, custam uma certa quantia – como as garrafas de cerveja no Brasil. Na devolução de uma embalagem pet de água (1,5 litro), por exemplo, você recebe 25 centavos de euro.

Geralmente há máquinas automáticas onde as embalagens retornáveis devem ser inseridas. Você deve colocá-las na máquina e, então, pressionar um botão usualmente verde para receber um ticket de reembolso no valor correspondente ao número de embalagens. Em minha segunda ida ao mercado, esqueci-me do bendito botão. Já estava revoltado com a máquina, que não me entregava o ticket, quando um alemão tomou minha frente e, bravo, apertou o botão. Durante o tempo de minha desnecessária espera se formou uma fila de três ou quatro pessoas. "Autus mico"!

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Vai um cigarrinho aí?


Em pouco mais de um mês de "Blog do LF na Alemanha", muitas coisas boas escrevi sobre o país. Declarei que a segurança é o que mais me impressiona, mas a seriedade política, o combate à desigualdade social, os investimentos em educação e a organização e limpeza das cidades têm de ser elogiados.

O que não dá para engrandecer é a "paixão" alemã pelo tabaco. Longe de mim qualquer preconceito, porém, é preocupante ver tantos jovens (que são poucos no país) fumando com a maior naturalidade. Um dia desses, aguardava o ônibus para ir ao trabalho e reparei num pequeno grupo de estudantes, na faixa etária entre 16 e 18 anos. Estavam em sete pessoas e apenas duas não fumavam – porque comiam algo.

Não acredito que aqueles jovens fumassem escondidos dos pais, até porque entre os mais velhos o cigarro – e também o cachimbo – é um "amigo" para toda hora. Exagero da minha parte? Creio que não, caso contrário não haveriam tantas máquinas automáticas de cigarro espalhadas pelas ruas das cidades para sustentar o vício alemão.

Não é preciso mais que alguns dias no país para perceber que os alemães fumam demais. São criticados por isso até por outros países membros da União Européia. A campanha anti-fumo adotada no Brasil é de "primeira linha" e deveria ser copiada aqui na Alemanha.

Legenda: típica máquina automática de cigarro na Alemanha. Basta colocar as moedinhas e escolher a marca preferida.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Comunidades do Orkut apóiam brasileiros

Já escrevi algumas matérias sobre o Orkut. Sou um usuário dessa rede de relacionamentos e fundador das comunidades "Dois Vizinhos", "Itapejara D'Oeste" e "Igreja Metodista Pato Branco". Infelizmente, de um tempo para cá perdi o interesse pela "coisa" devido ao "besteirol" quilométrico que uma nação de desocupados anda publicando por lá.

Entrei no Orkut quando ele tinha pouco mais de dois milhões de usuários. Hoje tem mais de 32 milhões, ou seja, gente de mais escrevendo algo interessante de menos. Mesmo assim, redigi outra reportagem sobre o Orkut, publicada na página da Deutsche Welle.

Percebo que os brasileiros que vivem aqui na Alemanha têm utilizado, cada vez mais, o Orkut para encontrar seus compatriotas, para fazer novos amigos e para pedir todo tipo de informação. Eu pedi dicas sobre a Alemanha antes de embarcar e posso garantir: recebi boas informações. Para quem vai viajar ao exterior, vale a pena entrar na comunidade da cidade de destino (no meu caso foi Bonn) e contactar brasileiros que vivam nela.

Minha matéria leva o título Comunidades do Orkut apóiam brasileiros que chegam à Alemanha . O assunto é interessante e, creio eu, rende uma boa leitura (link abaixo).

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Uma feira de domingo em Bad Honef













No último domingo (05.11.06) fez frio e o sol não deu o "ar de sua graça" em Bonn. Tinha me programado para conhecer a famosa Catedral de Colônia, mas conclui que tal visita era merecedora de um céu azul – independente da temperatura. Convicto de que o melhor a fazer era dar um passeio, deixei a pensão rumo ao centro de Bonn, que já conheço decor.

Aguardei na estação por dois minutos até surgir o primeiro metrô, linha de número 66 (sechs und sechzig) rumo a Bad Honef, uma pequena cidade balneário vizinha a Bonn. "Por que não?", pensei. Cerca de 20 minutos depois, deixando o calor confortante do metrô, desembarcava no gelado vilarejo às margens do rio Reno. Não costumo carregar termômetro comigo, mas arrisco que fazia 8ºC naquele meio-dia.

Sem portar algum mapa comigo, segui o fluxo de pessoas – certo delas serem visitantes como eu. Todos iam na mesma direção, espalhados, e eu percorria o caminho dos demais. Com 15 minutos de caminhada, cheguei ao que julguei ser o centro de Bad Honef. Para minha agravável supresa, encontrei lá uma feira em pleno domingo, com: comidas típicas, barracas de presentes, bancas com roupas de frio, músicos tocando em troca de algumas moedinhas e muita gente.

Finalmente, lá vi um aglomerado de casas em estilo enxaimel, típico da Alemanha – tal qual a imagem que lhe veio à cabeça, nobre leitor. Em cidades cosmopolitas, como Bonn, a cultura alemã se confunde em meio a tanta "estrangeirice". E, naquele cenário bem alemão de Bad Honef, experimentei o glühwein (vinho quente em alemão), preparado com tinto seco. Uma boa pedida numa agradável tarde fria.

Cheguei lá ao meio-dia pensando em retornar uma hora depois. Voltei às 15h com vontade de permanecer por mais tempo. As feiras de domingo de Bad Honef você não encontra nas revistas de viagem e turismo, porém, garanto que o "pouco" (se comparado com Colônia, por exemplo) que esses vilarejos têm a oferecer vale a pena. Bad Honef também é merecedora de um belo céu azul.


Músico toca harpa (foto) em troca de moedinhas, na feira de domingo de Bad Honef

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Foto do mês (outubro) - biblioteca de rua

Achei interessante inaugurar quadro "Foto do mês" no Blog do LF. Ao fim de cada mês vou publicar uma foto que tenha me causado boa e grande impressão, geralmente uma curiosidade alemã, como essa biblioteca de rua (foto). Chama-se Bürgerstiftung Bonn ou Books Outdoor (em inglês) e fica na rua mais charmosa da cidade, a Poppelsdorfer Alle. Não tem chave nem cadeado, as pessoas pegam os livros emprestados e os devolvem quando quiserem. Se o sujeito gostou muito de um determinado livro, devolve outro no lugar daquele e pronto. A ausência de vandalismo permite o sucesso da iniciativa, que tem até site (confira no link abaixo).