Minha concepção sobre a palavra estágio mudou completamente nos quatro meses em que estive na Deutsche Welle, empresa de comunicação (tevê, rádio e internet) do governo alemão. Antes, ao menos para mim, estágio significava exploração de mão-de-obra barata, sem grandes encargos sociais e impostos a serem pagos por parte do empregador. Pouco antes de ingressar na faculdade de Jornalismo, por exemplo, estagiei por quatro meses em um conhecido jornal de Pato Branco sem qualquer ajuda de custo, nem vale transporte.
Da Deutsche Welle, ganhei as passagens (ida e volta) de avião de Curitiba a São Paulo e da capital paulista até Frankfurt, e de lá de trem (o melhor e mais caro) até Bonn. Recebi também aulas de alemão, um seguro saúde e uma importância mensal, pequena mas suficiente para pagar minhas despesas com alimentação, moradia e transporte dentro da cidade. Ainda sobrou para viajar pela Renânia do Norte-Vestfália, o Estado mais populoso da Alemanha. Sobretudo, estarei retornando ao Brasil com uma experiência internacional no currículo e com boas recordações para a vida toda.
Lembro com alegria de cada momento que me conduziu a essa ótima oportunidade em uma empresa de renome internacional, como é a Deutsche Welle. Estudei inglês por cinco anos, depois parti para um curso intensivo de italiano e, por último, iniciei um curso de alemão. Já estava formado em jornalismo, atuando pelo Jornal de Beltrão em Dois Vizinhos, quando percebi que era o momento de buscar a sonhada experiência internacional, tão importante no jornalismo. Com a ajuda da internet, passei meses pesquisando oportunidades profissionais para jornalistas brasileiros no exterior até encontrar, meio por acaso, o programa de estágio da Deutsche Welle.
Eu já conhecia a empresa, que transmite sua programação televisiva nos canais internacionais da Sky (tevê por assinatura). Quando soube que a emissora alemã também possuía uma página na internet, inclusive com notícias em português, enviei um email pedindo informações sobre a possibilidade de estágio – crente de que havia uma uma redação da empresa instalada em São Paulo. Descobri, então, o programa de estágio da DW-WORLD, departamento da Deutsche Welle que produz o jornalismo online a partir de Bonn, ex-capital da Alemanha. Após um contato inicial com a chefe da redação online em língua portuguesa, Laís Kalka, comecei a preparar minha inscrição.
Enviei currículo (com versão em inglês), cartas de recomendação, carta de apresentação demonstrando o porquê de meu interesse, um portfólio com cópias de meus textos publicados no Jornal de Beltrão. O apoio do diretor de redação do JdeB, Ivo Pegoraro, foi de suma importância. Após demonstrar meu interesse e preecher os pré-requisitos, meses depois recebi a notícia de que eu estava escalado para estagiar na DW-WORLD, a princípio de agosto a outubro de 2006. A data do estágio foi alterada e não sei quais foram os motivos, mas ganhei um mês a mais. De 2 de outubro de 2006 a 31 de janeiro de 2007 tive a oportunidade profissional mais significativa de minha jovem carreira de jornalista, um aprendizado para não esquecer jamais. Hoje, felizmente, tenho uma outra concepção sobre estágio.
Legenda: no dia do Advento, a redação de língua portuguesa parou para comemorar e comer